domingo, 5 de outubro de 2008

[Artigo] Para submarketeiros

"Não vote em branco, vote no negão. Greg para Vereador 36036". Quanta criatividade não? O [sub-estagiários já deu bastante exemplo disso. Mas mudando um pouco o foco: depois que meu pai começou a trabalhar como assessor de um candidato a prefeito, bateu uma curiosidade sobre o mundo da política. Descobri que comunicação e política são como você e seu mp3. Um não funciona sem o outro.
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Chega uma hora que dá tique nervoso ficar naquele silêncio de matérias frias, ou uma concorrência nova para embalar a criação. E por outro lado imagine o que seria do período eleitoral inevitável com uma grande lista de candidatos exposta nos cartórios sem debates acalorados ou apelações como as do Greg. Por mais que esse interesse não surja logo no começo da carreira, uma hora ou outra quando se pega firme no batente ela aparece nos freelances, nas manchetes, nos quebra pau, no jargão "esses políticos só sabem fazer promessa", ou no meio de alguma polêmica. É muito difícil encontrar estudantes de jornalismo e publicidade fãs de política. E de acordo com o bordão do [sub-estagiários: Que bom! Tchau concorrência!
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Recentemente conversando com alguns colegas de sala chegamos ao assunto política. E para minha surpresa sobre determinados assuntos todos tinham uma opinião. “Se liberassem a maconha a violência diminuía” comentou uma menina que, acredite se quiser, curte um baseado. “O que aquele prefeito fala que fez nem foi ele, foi uma ONG e todo mundo ainda acredita”, acusou um rapaz amicíssimo da família da concorrência. Todos deram o pitaco.
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Imagine o que seria se esse povo resolvesse se candidatar! O que seria da política? Ainda bem que esses poucos que se interessam fazem publicidade e jornalismo. Estes estão no caminho certo. O desejo de se envolver pode ser muito bem aproveitado. E aqueles que odeiam política inevitavelmente têm uma opinião sobre educação, saúde pública, turismo, indústria e pode muito bem trabalhar promovendo esta ou aquela idéia.
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Publicitários, jornalistas, ou assessores de imprensa. Todos são, sem sombra de dúvida, formadores de opinião. Os comunicadores pelo menos precisam acreditar nessa. E é por isso que somos os principais aliados da política.
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Spot, jingle, flyer, campanha, VT. Você sabe bem o que significam essas palavrinhas. O candidato não. Só o que ele sabe é que sem essas coisas (das quais você um dia vai estar encarregado) ele não chega nem perto da prefeitura ou da câmara.
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É possível argumentar que ninguém assiste ao horário político, mas acreditar em algo assim é uma grande hipocrisia, pelo menos para publicitários. Afinal, se ninguém assiste, que passe a assistir. Embora alguns jovens, conformistas e os alienados não se importem com política, há quem se importe e para estes você precisa dizer como andam as coisas. O Horário Eleitoral Gratuito não mede audiência, conta voto. Político não ganha Intercom nem Cannes, ele se elege. Você tem dúvida de quê o cara que fez a campanha do Lula para a reeleição em meio á mensalão e mensalinhos, é um grande profissional? Enfim, se todos estes argumentos não te convencerem a trabalhar com política aí vai meu argumento “à la Greg”: De acordo com editais, lá em Brasília o salário médio da imprensa é R$ 9.008,12. E aí, submarketeiro, comprei seu voto?
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Carolina Nogueira é filha de jornalista e escreve desde os quinze anos por conta própria. Já foi repórter da ABJ notícias e atualmente trabalha no jornal diário Mogi News em Mogi das Cruzes. Faz o primeiro semestre na Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) onde como uma boa caloura não faz nada (por enquanto). Completamente incapaz de fazer outra coisa na vida se não escrever, evita até jogo da velha.

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