domingo, 9 de novembro de 2008

[Artigo] Ligação que dá certo


Ousadia: a principal característica da aldeia global do século 21. Ousadia no vestir, no falar e agora, mais do que nunca, na eficácia com que convence e persuade o público, tratando-se da publicidade. Hoje é simples: se o comunicador quer se dar bem, busca primeiramente entreter o consumidor. Não importa se o mecanismo usado será piadas que rebaixam a raça e moral pública ou particular. Se surtir efeito, está valendo.
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O humor, sem dúvida, é uma das formas mais criativas e capazes de transmitir uma corrente de simpatia entre o consumidor e o produto. Tão eficazes são essas técnicas de sátira que é difícil, hoje em dia, encontrar uma propaganda que consiga conciliar humor e conveniência quanto a apelar para o lado sexual ou chistoso e irreverente.
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Após descobrir que o “ponto fraco” dos consumidores é, na maioria das vezes, o simples fato de estarem sendo entretidos com algo engraçado, os publicitários não pararam mais de abusar da zombaria e da sátira em suas criações. Isso se pode facilmente se perceber ao assistir singelos 3 minutos de “horário comercial” seguidos.
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Para provar, porém, que ainda existem exceções quanto ao humor ousado e imoral, não tão recentemente, a TVE lançou uma campanha em prol de mostrar o lado negro de um indivíduo viciado na televisão. A criação girou em torno de um cachorrinho na inútil tentativa de chamar a atenção do dono que não saía da frente da TV. Ele (o cachorro, representando o melhor amigo da criança) sempre trazia algum brinquedo e mostrava ao dono que, por sua vez, sequer percebia a sua presença.
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Na seqüência da campanha, o cachorrinho aparece (literalmente) arrumando as malas, guardando sua vasilhinha de água, escovinha, coleira e antes de partir, olhando a foto dele e da criança (seu dono) quando ainda eram amigos. Esses VT’s premiados fizeram história e provaram que a ingenuidade e a pureza nas propagandas ainda não saíram de moda.
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Outro comercial que se destacou dentre os mais “bonitinhos”, foi um da marca de carros Hyundai. Um garotinho de aproximadamente dois anos com uma inegável cara de levado saía do berço às pressas para passear sozinho de carro. Durante o percurso, o pequeno dava carona para uma menininha com, aproximadamente, a mesma idade. Os dois iam pra praia, e a garotinha sentada no porta-malas aberto do carro batia palmas animadamente enquanto seu “namoradinho” surfava. Afinal, quando se dirige um Hyundai por aí, tudo pode acontecer.
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É incrível como, hoje em dia, se pode associar com tanta facilidade marcas de carro com sensualidade. Isso é o que mais se vê nas demais propagandas, mas essa citada acima é interessante justamente porque vai contra a regra da maioria. Os criadores usaram humor e fantasia sem subestimar ou satirizar alguém ou algo. A propaganda ficou interessante para crianças, jovens, velhos e principalmente, faz lembrar.
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Falando em comercial de carro, a Honda também tem seu espaço na concepção de “humor sadio”. Quem não se lembra do VT em que um grande coral, com beca, letra e tudo mais simulava todos os barulhos feitos pelo Honda Civic? Esse definitivamente ficou pra história, porque foi fruto de criadores extremamente inovadores. Afinal, ouvindo de cara, quem acreditaria que uma propaganda desse tipo fosse ser uma boa idéia?
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Apesar de ser fácil distinguir propagandas que estão dentro dos padrões morais e éticos, não se pode hoje em dia, simplesmente selecionar as campanhas mais puras e dizer que as outras estão fora. O que é certo dizer é que o humor é um dos caminhos mais criativos e de eficácia mais comprovada, que combina com quase tudo. Desse modo, através do humor muito se tem realizado, mas pouco se tem refletido. Ele é a principal porta para o sucesso da maioria das idéias, mas, se bem empregado, colocado e analisado, pode ser a chave para uma nova concepção de padrão humorístico publicitário.

Eriany Uchôa

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