Hoje, 20 de novembro, é feriado. [Eba!] Mas, alguém parou pra pensar no por quê de ter esse ou aquele feriado? Pois é, eu também não. Todo mundo só quer saber de acordar tarde e ver filme com pipoca o dia todo.
Pra quem não sabe, o motivo de você poder acordar um pouco mais tarde é que hoje é comemorado o Dia da Consciência Negra em mais de 350 cidades brasileiras. A idéia é que seja um dia dedicado à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira.
Entretanto, na tv, nos jornais, na internet, o máximo que se encontra são matérias falando sobre o assassinato de Zumbi dos Palmares, o aumento das cidades que declararam este dia como feriado ou até shows de artistas negros famosos. Mas, e a parte da reflexão? Acho que algo está faltando na parte da reflexão, assim como também na inserção do negro na sociedade.
Hoje experimentei prestar atenção nos comerciais que passavam na tv. Gastei 3 minutos observando as propagandas entre um programa qualquer. Deu pra contar nos dedos quantas vezes apareceu um modelo de raça negra. Mudei de canal e foi pior, a única representante da raça que apareceu foi uma mera coadjuvante [algo comum]. Ok, mudei de canal. Ah, um clipe de um rapper americano... negro!
Ou seja, de que vale um feriado se ninguém levanta da cama pra fazer alguma coisa? Ainda existe muito preconceito, discriminação, falta de oportunidade, propagandas que agridem os negros [inclusive mais de uma] e, principalmente, desigualdade. De acordo com o Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil, realizado em 2006, o rendimento mensal médio dos homens brancos é 98,5% superior ao dos homens pretos e pardos [R$ 586,26]. Entre as mulheres a diferença é de "apenas" 91,9%.
Outra diferença está no Índice de Desenvolvimento Humano, que mede a qualidade de vida das pessoas, onde o IDH de pretos e pardos é de 0,753 [que se compara a países como Irã e Paraguai, desenvolvimento médio]. Já o IDH de brancos brasileiros é de 0,838 [semelhante ao de Cuba, país considerado de alto desenvolvimento humano].
Quanto ao acesso à educação, entre os jovens em idade universitária em 2006, cerca de 20% dos brancos estavam matriculados em instituições de ensino superior, enquanto 93,7% dos pretos e pardos estavam bem longe das salas de aula universitárias.
O que parece ser igual entre as raças negra e branca é a quantidade populacional [49,5% e 49,7%, respectivamente]. Assim como os direitos, que também são iguais para todos. No entanto há algo que ainda precisa mudar, a mente egoísta das pessoas. Que, aliás, era a idéia do feriado né? Consciência negra.
Desculpe gastar seu tempo neste feriado. Pode voltar pra cama e comer sua pipoca.
Robson Fonseca
Gostei do seu texto e da sua "consciência". Acho que as pessoas só dão conta da existência de preconceito quando elas passam por situações assim. É triste contestar isso: que você precisa entender e respeitar o outro apenas quando não se é respeitado... matemática doentia, mas infelizmente, é assim que as coisas funcionam...
ResponderExcluir