O jornalismo não é um espelho da sociedade, mas é uma construção da realidade. O passado não está pronto, nós o refazemos todos os dias. Se lembrássemos de cada coisa que aconteceu no dia anterior, não viveríamos o hoje. O esquecimento é tão importante quanto a memória e nós nos lembramos de coisas que não são verdade. Neste caso, a ficção fala melhor da realidade do que a própria realidade.
É aí que a literatura e a psicanálise se completam e o jornalista pode utilizar os dois. Ao escrever, cada capítulo deve terminar com um gancho que leve o leitor a virar a página, princípio de novela, mas que dá resultado. Literatura é entretenimento sim, só não deve ser confundida com “passatempo”.
É por isso que um romance pode abordar problemas sociais [apuração jornalística] e história de amor [psicanálise]. Ao envolver os sentimentos do leitor você prende sua atenção e pode falar sobre educação, política, moral, ética, preconceitos etc. e fazer refletir de uma forma muito mais eficiente do que um simples relato no jornal.
Quanto mais se repete a informação, melhor. O jornalismo comunica não apenas com o que é dito, mas também com o que não é dito. Estética da redundância, sublimação. O profissional precisa viver embriagado da profissão. Deve estar tão seduzido [pelo que faz] quando o leitor [pelo que lê].
Entreter é fazer sedução pela palavra escrita.
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Felipe Pena é jornalista e psicanalista. Autor de romances e livros acadêmicos é Doutor em Literatura pela PUC-Rio. Mestre e doutor em comunicação, trabalhou em cinco emissoras, foi pró-reitor de universidade, coordenador de pós-graduação em telejornalismo e jornalismo cultural.
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Érica Lucile
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